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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A CRISE DO EURO

EDU DALLARTE

Crise do Euro2010

21/11/2010

Van Rompuy: A Zona do Euro está em crise pela sua sobrevivência


Como em Maio de 2010, por causa da Grécia o Euro está novamente em profunda crise. Desta vez trata-se da ameaçadora bancarrota da Irlanda. Mostra-se mais uma vez que se apenas um dos membros do Euro se aproxima de uma região de falência estatal, toda Zona do euro fica ameaçada. Caso esta crise também seja “salva” através de pacotes de ajuda e impressão de dinheiro, então logo depois irão aparecer Portugal e Espanha. Este último país é de grosso calibre – de impossível salvação. Na verdade, até a Irlanda é “insalvável”.


Ameaças vazias?


Em meu último artigo sobre este tema “Guerra do Euro 2.0 – 2010”, eu escrevi:


No Tagesschau da ARD, a 25/10/2010, foi apresentada uma entrevista com diversos ministros do exterior da UE, dentre eles o ministro do exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn:


... onde eu tenho um problema

Isso é quando se utiliza uma grande marreta

Alemanha e França garantem 50% de todo pacote de 750 bilhões, o que está correto, ou seja, se temos força econômica, então devemos ter também força política


e se nós dizemos que o tratado será modificado

então vocês têm que obedecer

então vocês têm que fazer desta forma

caso vocês não façam desta forma, nós pulamos fora

então vocês poderão ver o que acontece com o Euro.


Em resumo, Alemanha e França deram um ultimato ao resto da Zona do Euro:


“Ou vocês aceitam as sanções automaticamente, ou nós abandonamos o Euro”.


O que resultou dias mais tarde no encontro da UE deste ultimato e das sanções ameaçadoras – Alemanha e França abandonam o Euro? Quase nada. O Tratado de Lisboa será alterado em alguns pequenos pontos. Ambos os países apareceram como tigres e acabaram como arranjo de cama. Ou não?


“Luta pela sobrevivência”


A 16 de novembro apareceu nos meios de comunicação um panorama da situação real do Euro e da UE. Segue um extrato da imprensa austríaca:


Com palavras penetrantes, o presidente do conselho europeu, Herman Van Rompuy, alertou ante um desmoronamento da União Européia como conseqüência das dívidas dos países do Euro. “Nós estamos numa luta pela sobrevivência. Se nós não sobrevivermos com a Zona do Euro, então não sobreviveremos também com a União Européia”, alertou ele na terça-feira em Bruxelas. Entretanto, ele está “convencido que nós superaremos a crise”.


Segundo um de seus mais altos representantes, Euro e UE estão em uma “crise pela sobrevivência”. Segundo afirmou, a UE também sucumbirá caso o Euro acabe. E obviamente seu único emprego também desaparecerá (nós não sabemos no final das contas a que ele se presta).


Pelo uma vez os grandes da União falaram a verdade: se o Euro desmoronar, então também a União. Portanto, existe sim um ultimato franco-alemão aos pecadores deficitários:


“Ou vocês economizam pra valer e abrem mão de seus direitos na EU, ou nós dois sairemos da UE e do Euro”.


Irlanda – Caso perdido


Isso apareceu no FAZ:


“Bancos alemães e britânicos e estão receosos”


“Um calote da Irlanda iriam atingir duramente os bancos britânicos, pois eles são os maiores credores – seguidos de instituições bancárias alemãs. O governo britânico não iria recusar em adotar uma ação de salvamento.”


O gráfico a seguir ilustra bem esta situação:


“Vencimentos de bancos estrangeiros contra a Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha”


O total de títulos a receber contra a Irlanda é de US$ 731 bilhões, contra 175 bilhões da Grécia, 235 bilhões de Portugal. E contra a Espanha é de 876 bilhões – tudo sob o BIZ.



A Irlanda tem 4,4 milhões de habitantes, mas sua dívida externa é quase igual a da Espanha, que é 10 vezes maior. Esta soma emprestada do estrangeiro fluíram para formar uma bolha imobiliária e de consumo de extra-classe. Por meio milhão de Euros, um ano atrás na Irlanda, podia-se comprar no máximo um casebre. Tudo foi financiado 100% pelos bancos – puro subprime, pior impossível.


Abaixo seguem alguns comentários do hartgeld.com:


Comentário do leitor-DE:

Os 4,5 milhões de irlandeses têm um déficit tão alto como os 45 milhões de espanhóis.


Quer dizer, o endividamento per capita dos irlandeses é dez vezes maior que daquele dos espanhóis. Cada irlandês, desde os bebês até os idosos, devem quitar 120.000 Euros. Parte-se do pressuposto que na Irlanda somente um terço é economicamente ativo, então cada um destes deve pagar algo em torno de € 360.000. Traduzindo em produtos, cada habitante economicamente ativo deve pagar, além de suas despesas correntes, uma bela casa com piscina.


Comentário do leitor-DE:

Qual idiota poderia dar tanto dinheiro assim à Irlanda?


Do gráfico pode-se notar que os 4,5 milhões de irlandeses receberam 731 bilhões de Euros! A Grécia, com 11 milhões de habitantes recebeu apenas 175 bilhões! Ou seja, ainda é possível enfiar mais dinheiro na Grécia. Se tomarmos os 88 milhões de habitantes da Alemanha, então a RFA poderia ainda tomar 14.300 bilhões em empréstimos...


Pois bem, quem deu tanto dinheiro assim aos irlandeses? Naturalmente os bancos-idiotas. Mas somente os UE-idiotas acreditam que possam ainda “salvar” alguma coisa.


Como no caso da Grécia, tenta-se salvar no último momento o país através de um bailout, para que os próprios bancos e seguradoras, que possuem dinheiro no negócio, vão à bancarrota.


No Bloomberg podemos observar através dos títulos públicos e respectivos juros, a morte de um país: Irlanda 10 Year.



Nós não tínhamos visto ainda para a Irlanda juros tão altos como na Grécia no início de maio, pois os mercados em sua grande maioria ainda “confiavam” nos “esforços de salvamento” da União Européia.


A Irlanda é um elefante endividado


Como vimos no gráfico acima do FAZ, o total do endividamento da Irlanda é quase igual ao da Espanha, a qual é 10 vezes maior. Se compararmos, a Grécia torna-se inofensiva.


No momento a Irlanda tenta salvar seus bancos através do orçamento da União. Devido a isso, o déficit público subiu em 2010 cerca de 32% do PIB, um recorde único no mundo.


O Supergau europeu está aí: não é a Espanha que quase afundou, e foi descrita como “insalvável”, mas a quase tão endividada Irlanda.


Devemos também inserir neste contexto a declaração de Van Rompuy. A Zona do Euro está vivendo justamente neste momento uma crise existencial, pois um elefante de dívidas está prestes a cair.


Eles conseguem segurar ainda a cotação do ouro


Abaixo podemos observar o preço do ouro nos últimos três meses em Dólar e Euro.



Com o início da crise Irlanda/Euro, o preço do ouro subiu para US$ 1.420 e € 1.030/onça, mas sofreu imediatamente uma violenta repressão. Era importante não dar qualquer sinal de fuga do Euro para o ouro.


Entrementes, os “salvadores” aprenderam a lição de maio: imediata promessa de ajuda, maciço apoio ao Euro, maciça repressão do preço do ouro, monetarização da dívida da Irlanda. O que ainda falta é a demanda oficial da Irlanda por “salvamento” junto à União Européia. Isto está sendo evitado até as eleições de 25 de novembro para não comprometer a “soberania” junto ao eleitorado, pois um “comissário poupador” será instituído pela UE.


Como será daqui para frente?


Como descrito acima, nós não precisamos aguardar uma derrocada da Espanha; a Irlanda já é suficiente. Uma bancarrota da Irlanda e seus bancos exterminará também alguns bancos alemães – principalmente o cambaleante HRE. E provavelmente alguns bancos da GB e outros países. Devido às perdas anteriores, o sistema bancário alemão é um dos mais fracos da Europa, e pode-se contar com um colapso total dos bancos alemães e com isso com a bancarrota do governo alemão: um prêmio pela bailout dos bancos em 2008. O Euro irá desmoronar assim como o sistema financeiro, e o preço do ouro subirá até a lua.


A reforma monetária será então inevitável, a Alemanha e a França irão introduzir o DM2 e o FF2, declarando assim a falência do Estado. A questão é uma só: já estão preparados para isso?


Neste ponto existem na Alemanha diversas correntes. O Bundesbank e muitos outros bancos coligados querem e estão fartos do Euro. A indústria teme a exportação e provavelmente não quer, assim como o governo que irá necessitar de um “avião para evacuação”, caso queira sobreviver.


Isso apareceu a 16/11 em um artigo no jornal Welt:


Alemanha tornar-se-á a grande pagadora da Zona do Euro


A saída do Euro não é sequer avaliada pela Chanceler. Os mercados financeiros apostam agora numa União de Transferência. Isso custará caro. “No final, a Europa deverá decidir por uma união de transferência”, disse Justin Knight, estrategista do grande banco suíço UBS, em Londres. “Cambalachos não adiantam mais”. Os alemães irão consentir finalmente para uma comunidade fiscal. A alternativa seria o desmoronamento da Zona do Euro, e isso será impossível ao governo alemão diante do contexto histórico.


Ou então este artigo do Welt


A união monetária transformar-se-á na Teuroland (Teuer em alemão significa caro)


Alemães devem se preparar para a Crise da Dívida do Euro – a união de transferência pode custar muito caro – especialistas já aconselham a venda de títulos do tesouro.


Tradução: através da união de transferência de Merkel, a Alemanha também se tornará um PIG, pois deverá arcar com todas as dívidas dos PIIGS. Os títulos do tesouro alemão já são vendidos. Isso quer dizer que o fim já chegou.


A editora Springer, que é responsável pelo Welt, pertence à facção “patriótica” pró-reforma monetária. Neste jornal e também em outra marca da editora, o jornal popular Bild, apareceram nos últimos tempos diversos artigos contra o Euro e favoráveis ao padrão-ouro.


Ou seja: Merkel quer consentir na “união de transferência”, onde a Alemanha subvenciona todos os outros países europeus – ela quer permanecer no poder, pois este tem um gosto tão bom. Ela quer manter por um tempo ainda sua “recuperação econômica” e com isso lhe garantir um lugar ao sol. Mas aumenta a resistência contra suas intenções; também por parte da elite.


Nós devemos esperar, portanto, pelo desfecho desta disputa de poder interno na Alemanha. O fim do sistema pode vir, porém, dos EUA (estão patinando novamente) ou através de uma corrida generalizada aos bancos, com fuga para o ouro. Caso Merkel e a facção da indústria exportadora se façam prevalecer, o sistema se manterá por algum tempo ainda – inclusive bailouta qualquer momento. Os botes salva-vidas devem estar preparados. para Irlanda. Até lá alguma coisa ainda vai acontecer. Mas então, neste novo cenário, a Alemanha será também um PIG, pode estourar também. O fim do sistema pode acontecer



Walter Eichelburg
, engenheiro.


O autor do artigo não é um consultor financeiro, mas sim um investidor em Viena - NR.


http://www.hartgeld.com/filesadmin/pdf/Art_2010-178_Euro-Krise-2.pdf


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